SAUDADES

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Mario Franco

Um, dois, três....Quatro, cinco, seis...
Segue o Mario, a peneirar.
Uma meia tricolor, outra, contrasta qualquer cor.
Uma bola, uma maleta, dando mil piruetas, anuncia a quem pagar.
Pela vinte e sete inteira, a pelota companheira, não deixa o chão tocar.
O vidro, da sua vida, ninguém quis, emoldurar.
Ao vidraceiro eterno, nem um bronze, nem um busto!
Franco..Ninguém quis homenagear...
Não conheço bem a cidade, cruzei só de passagem, quase nada pude ver.
Vi de longe, a velha ponte, não recordo bem a entrada, só lembro do artista,
com a bola, equilibrista, chamou-me a atenção.
Quanta ironia então.
Seria Franco, a cidade, ser lembrada por Mario e não por Jaguarão?

(Renato Jaguarão)


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Dias de Verão

Que saudades do janeiro, o ônibus do Alamir vai passar, se encher espero o Pery,
a konbi, não pode lotar.
Mil loucos vão de bicicleta, mil loucos partem a pé,
a poeira na alma, serão mais loucos que Té.
Todos chegam, bem cedo, o passo das pedras, lá está.
A corrida para a melhor corunilha, a sombra, todos querem pegar.
A areia, não tarda, encharca, rio azul se torna marron,
guri se banha de cueca, calção é só para passear.
Mortadela, pão e ki-suco, a praia começa a lotar,
tem lona por todos os lados, a chuva vem sem avisar.
Passageira, apurada, a manga d'água de verão, o sol impera outra vez,
o salso vira trampolim, a barranca do outro lado, aos meus olhos solidão.
Melancia quem come não banha, se banha, cuidado a panela,
quem entra, se perde pra sempre, mesmo se buscar com vela.
A mutuca, já ao entardecer, da lugar para o mosquital,
as barracas levantam fogueiras, o liquinho, ajuda a clarear
espinhel, por todos os lados.
O pintado não pode brincar?
Lá no alto, no baile do Sapo, Tangaras, começa a tocar.
Triste, tristeza haverá?
Feliz, saber que vivi,
e que o rio, continua por lá.

(Renato Jaguarão)


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Alegria da Fronteira


Minha bela cidade heroica, das portas gigantes.
Do rio que corre em minh'alma...
Das manhãs, do sol e da calma, da bela, na janela.
Da fronteira sem cancela, do homem puro valente.
Das águas cristalinas e correntes, das lendas e dos que partiram.
Também dos que instituíram, Jaguarão como querência.
Porto da sapiência, cantar do acalanto, do Mario, Tereza do Franco das galinhas.
Da fé no Cristo e na Santinha, daqueles que não tem fé.
Do amor da linda mulher, que se perdeu na enfermaria.
Da rua do amor, no carnaval da borboleta dos boêmios da estrela.
Sabem todos, ninguém aguenta, quem?
Aguenta vai passar, a vinte e sete, vai virar um mar de muitos heróis.
Os coronéis do passado, todos nós do presente, o mascarado enfeitado, em meio a tanta alegria.
O Harmonia espera, o Jaguarense aguarda, sem Caixeiral não ha festa,
nem mesmo no Vinte e Quatro, qualquer número é ingrato, diante a centenas na rua,
dando amor à quem não tem.
O Adém perdeu o trem, ninguém falou, ninguém viu, uma mocinha eterna,
mostrou sua bandeira, e a fronteira brasileira, fez as pazes com a alegria, mostrando
que um novo dia nasce na madrugada.
E quem senta na calçada, esperando o sereno.
Jaguarão que sempre um dia, a todos nos faz lembrar.
Quem fica, quer ver o mundo.
Quem parte, quer sempre voltar.

(Renato Jaguarão)


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Minha Infância

As vezes, fico a lembrar,
da infância, que passou.
Fecho os olhos, a sonhar,
parece que o tempo, voltou.

Relembro, o grupo escolar,
as fugas, da sala de aula.
O refrigerante, no bar,
depois do jogo de bola.

As pescarias, constantes,
a beira do pequeno rio.
As vezes, peixe bastante,
outras vezes, anzol vazio.

O veraneio, esperado,
na doce Lagoa Mirim.
Preparava-me apressado.
Pois ela, esperava por mim.

Ah! Como tenho saudade,
da minha querida infância.
Que a cada ano, com a idade,
fica bem mais a distância.

GSM (09/02/1984)



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Jaguarão


Pequena cidade, mas grande coração.
Berço de Manoel Vargas e outros ilustres mais.
Cidade heroica, meu Jaguarão.
Pequena cidade, dos grandes perais.

Pequena cidade, mas grande coração.
Na noite escura e luar de prata.
No bate-papo e no chimarrão,
seus filhos relembram, sua grande data.

Cidade heroica, bem denominada.
Que filhos unidos, com a ajuda de Deus.
Puseram em fuga, a pelegada.
Os castelhanos, invasores teus.

Pequena cidade, mas grande coração.
De verdes campos e céu azul.
Quem não ouviu falar de Jaguarão?
É bem na ponta, do cruzeiro do sul.


GSM(07/02/1984)


MÃE TERRA


Nasci, onde o verde do campo,
de muito mato e arrozais.
Na chegada, te acolhe no seio santo.
Na partida, fica em tristes ais.

Cresci, onde o azul do céu,
mistura-se com o arco-iris e nuvens de tormenta.
Saí de lá, para viajar ao léu.
Espero voltar, isto me contenta.

Não posso morrer, distante dessa terra,
onde canta altaneiro o bem-te-vi.
Vencerei, nesta vida guerra.
Para voltar, onde nasci e cresci.


GSM (07/02/1984)

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